sábado, 13 de fevereiro de 2010

ADORAÇÃO EXTRAVAGANTE (2 Sm 6.14-22)

Ontem, nós falamos sobre obediência, e citamos o exemplo de Davi. Hoje, nós vamos continuar citando Davi como exemplo de um adorador extravagante. Extravagante significa aquele que anda fora do seu lugar, que se afasta do habitual, do comum.

Davi, como o resgatador da glória de Deus, trouxe a arca à Jerusalém e transformou essa cidade em centro religioso e capital de Israel.

Davi, o cantor, compositor, guerreiro, o homem segundo o coração de Deus e o adorador que dançava e gritava intensamente celebrando a presença do Senhor. E Mical, a filha de Saul e esposa de Davi. Uma mulher observadora, apaixonada pela reputação própria e possivelmente pelo marido. Mulher de posição considerável, politicamente correta. No entanto, a mulher que desprezou em seu coração uma adoração honesta, sincera, transparente e espontânea por parte do próprio marido. Uma mulher que, por causa da atitude crítica e condenadora diante de uma espiritualidade simples, foi condenada à amargura da esterilidade no restante de sua vida.

Mical entendeu que Davi comportara-se de modo inconveniente para um rei de Israel. "Descobrir-se" significa que Davi estava sem as vestes reais e vestia uma simples túnica, como a dos escravos. Davi despiu-se de toda sua glória.

Nada soaria mais extravagante do que ver o rei, eleito por Deus, sacudindo-se de um lado para o outro, sob o som das cornetas, harpas e tamborins, e expondo-se ante a observação e o julgamento dos mais diferentes tipos de pessoas, das mais diferentes classes religiosas e sociais.

Não podemos, também, deixar de considerar extravagante a maneira como Jesus se portou na presença de certos pecadores (Mc 2.15-17). A Bíblia diz que os fariseus e os doutores da Lei rotularam Jesus de comilão e beberrão (Lc 7.34). Imagine a cena que se desenrolava durante aquele encontro: Jesus havia sido convidado por Mateus, aquele coletor de impostos, famoso por fazer parte do sistema que extorquia dinheiro do povo, para ir à sua casa e participar de um jantar para o qual havia convidado também outros colegas de trabalho, da rua, e quem sabe, companheiros de boteco. Que tipo de cena seria mais coerente com a situação e com a personalidade de Jesus: um Mestre cara fechada, estilo doutor da Lei, que apontava insistentemente para os pecados que lhe eram perceptíveis na vida dos ilustres companheiros de banquete? Ou seria, porventura, aquele Mestre, com diploma sem reconhecimento das melhores universidades da época, mas cheio de prazer, alegria e boas risadas, enquanto compartilhava amor - o sinal maior da manifestação do Reino - com aqueles miseráveis? E quer saber que expressão caberia melhor para descrever aquela cena litúrgica que Jesus vivenciou com aqueles pecadores? Extravagância. É isso aí... quanta extravagância! Como conceber a idéia do Espírito de Deus se regozijando no meio de pecadores, num ambiente de tanta carnalidade? Só mesmo a extravagância da graça para explicar esse fato (Rm 5.20).

Outros exemplos de adoração e adoradores extravagantes é o da pecadora que ungiu os pés de Jesus (Lc 7.36-38) e de Maria de Betânia (Jo 12.1-3). A adoração extravagante da mulher pecadora foi chorar aos pés de Jesus, enxugá-los com seus próprios cabelos, beijá-los e ungir com unguento. Já a adoração extravagante de Maria de Betânia foi quebrar o vaso, derramar o perfume e enxugar os pés de Jesus com seus próprios cabelos. Observe que ambas utilizaram seus próprios cabelos para enxugar os pés de Jesus. Isto significa que elas abriram mão da própria honra e glória para adorar Aquele que é digno de receber todo o louvor.

Jesus era, definitivamente extravagante, como também os seus seguidores. E isso incomodou muito os seus compatriotas judeus.
Jovem, por que nos incomodamos tanto com a forma dos outros adorarem e não nos incomodamos com a nossa própria falta de frutos que glorificam o Pai?

Pense nisso!

Que Deus nos abençoe!

Pr. Gabriel N. da Silva